Especialista em recursos hídricos critica planos para barragens em detrimento ao combate de vazamentos na rede: "não fazemos a lição de casa"
(Foto/crédito: Guilherme Leite)
A disponibilidade de água para abastecimento público foi tema central na sessão solene Dia do Rio Piracicaba, realizada na Câmara de Vereadores no último dia 15 por iniciativa da vereadora Rai de Almeida (PT). Conforme explanação do tecnólogo em Gestão Ambiental e pós-graduado em Gerenciamento de Recursos Hídricos, Igor Serra, “moramos em uma bacia com estresse hídrico crônico”.
Métricas do Governo do Estado de SP consideram satisfatória uma bacia com disponibilidade de 1.500 m3 por habitante ao ano e a bacia do Rio Piracicaba disponibiliza 980m3/ano.
Agora na ponta, na água que chega em casa, considerando uma perda física na rede de 54% e uma população na região urbana de 431.806, descontando o uso industrial, a entrega total do Semae é de 82,84 milhões de litros diários (mi L/dia) versus a necessidade de 89,30 mi L/dia – portanto, faltam 6.462.842 L/dia.
A capacidade de tratamento da autarquia de saneamento é de 2.400 litros por segundo e, segundo os cálculos do especialista, perdem-se 111,78 milhões L/dia. “Que empresa consegue trabalhar perdendo mais de 54% do seu produto final”, questionou Serra. Ele comentou que, diante da situação, a falta água acontece na periferia em bairros como Nova Suíça, Cecap e São Luiz.
A análise é de que a solução não são barragens, estruturas que causam grande impacto ambiental e tiram mais água do rio. “Não fazemos a lição de casa contendo os vazamentos, vai tirar água do rio para continuar deixando vazar?” O especialista recomendou investimentos na produção da água com reflorestamentos em nascente e mata ciliar.
Outro ponto é a renovação da retirada de água do Piracicaba pelo Sistema Cantareira, como nova outorga até maio de 2027 pelo período provável de mais dez anos sob a Sabesp privatizada. “A gente tem um Plano Diretor que não respeita questões ambientais. Quando o Conselho da Cidade faz o Plano Diretor, vemos a direção para onde a cidade vai crescer e como vem acompanhada de muita especulação imobiliária. A cidade cresce para o lado de nascentes, como o empreendimento do Monte Alegre e o Dahma perto do Jupiá.”
MAIS ALERTAS
A vereadora Rai destacou no evento que “o rio é garantia da vida e, de acordo com esses dados, é um risco para a sobrevivência humana”. A parlamentar também falou em fim da vida útil do Piracicaba e efeitos nocivos à saúde para os que consomem a água do rio. Ela analisa que o governo do Estado e a formação dos Legislativos estadual e municipal não têm viés pela luta em prol do meio ambiente.
Em combate ao cenário crítico, Rai pensa em criar uma segunda frente parlamentar do Rio Piracicaba para salvar o manancial juntamente com a mobilização do Parlamento da Região Metropolitana para fazer defesa de rios a florestas. “O rio está na iminência de sua morte. E a morte do rio é a morte da vida”, finalizou Rai.
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