Piracicaba tem contaminantes na água para consumo humano com substâncias cancerígenas, mostra Ministério da Saúde


12 parâmetros estão fora do permitido na água para consumo humano, aponta levantamento do Siságua
(foto/crédito: Pixabay)

Atualizada em 12/07/2025

O Siságua (Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano), do Ministério da Saúde, em informações colhidas pela reportagem no portal Dados Abertos, identifica na coluna ‘Tipo da instituição’ as análises listadas abaixo como ‘Serviço Municipal e outros’, portanto, faz atribuição literal ao Semae (Serviço Municipal de Água e Esgoto) – como se comprova na tabela extraída do sistema.


Quanto à alegação de ser responsabilidade exclusiva de empresas privadas neste tipo de fornecimento em SAC, a definição desta sigla é 
Solução Alternativa Coletiva de Abastecimento de Água para Consumo Humano – portanto, é abastecimento para um grupo, como no caso do condomínio Bem-Te-Vi. Vale destacar também a responsabilidade da prefeitura em fazer a fiscalização desta distribuição por meio da Vigilância Sanitária e comunicar possíveis problemas à população, o que não foi feito.

A contaminação na água para consumo humano em Piracicaba vêm ao menos desde 2018, como mostra o Mapa da Água, da organização Repórter Brasil – veja dados sobre a cidade aqui.


Portanto, a reportagem do O Diário Piracicabano relata, sem qualquer sombra de dúvidas, problemas com a água, um direito universal. Sobre a decisão desta sexta, dia 11, do juiz Wander Pereira Rossette Junior, em suspender a publicação nas redes sociais, as informações listadas acima  e ao alcance de qualquer pessoa dirimem possíveis dúvidas. 

Também vale destacar que o jornal procurou a prefeitura e o Semae antes da publicação da matéria, que não prestaram quaisquer esclarecimentos. Um outro ponto relevante apontado por um leitor deste jornal é que a prefeitura não entregou dados da coleta do primeiro semestre de 2025 ao Ministério da Saúde.

DADOS

O levantamento semestral do Siságua para os primeiros seis meses de 2025 em Piracicaba indicou 12 parâmetros fora do Valor Máximo Permitido (VMP). O Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano, do Ministério da Saúde, mostrou problemas quanto a parâmetros organolépticos – propriedades identificadas pela visão (cor e turbidez), olfato (odor) e paladar (sabor) – e resíduos de produtos secundários de desinfecção. 

ORGANOLÉPTICOS

Sobre os organolépticos foram encontrados em cinco pontos sódio maior ou igual a 200 miligramas por litro, chegando a 333mg/l – esta situação impacta a saúde de quem tem problemas renais e pode contribuir para o aumento da pressão arterial e problemas cardiovasculares. 

A presença de zinco na água em ponto de consumo foi a mais alterada, aos 305 quando só é permitido 5mg/l – aqui há problemas para quem tem irritação gástrica e gera contaminação do meio ambiente. 

A medição também identificou 943mg/l de sólidos dissolvidos totais (limite é de 500mg/l); sulfato aos 429mg/l (limite de 250); e 0,1mg/l de sulfeto de hidrogênio (limite de 0,05). 

Os sólidos dissolvidos têm relação quanto à potabilidade da água; o sulfato em demasia pode causar problemas digestivos; e o sulfeto confere odor de ovo podre à água. 

CÂNCER

Agora sobre os resíduos fruto do tratamento da água, a coisa fica mais preocupante. Foram encontrados trihalometanos na concentração de 9,1mg/l – o máximo é de 0,1 – e 0,2mg/l de ácidos haloacéticos para uma margem de até 0,08mg/l. Os trihalometanos e os haloacéticos estão relacionados a um potencial aumento de risco para o câncer. 

A prefeitura foi questionada sobre o relatório do Siságua e, caso haja alguma resposta do governo ou do Semae, a matéria será atualizada no site do jornal. Veja mais em 'Tratamento na água gera substâncias cancerígenas em 493 cidades no Brasil'.

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