Vereadora Alessandra Bellucci (AVA) imputa doença a protetores de animais críticos ao rodeio


União Internacional Protetora dos Animais condena práticas da Festa do Peão de Piracicaba; vereadora da causa animal vota a favor de oficializar o evento no município
(Fotos/créditos: reproduções)

A Festa do Peão de Piracicaba entrou para o Calendário Oficial de Eventos do Município de Piracicaba a partir de um projeto de lei de autoria do ex-presidente da Casa, o vereador Wagnão Oliveira (PSD). A votação aconteceu na sessão de quinta, dia 7, e fechou com um placar de 13 vereadores a favor e três contra – Silvia Morales (PV/Mandato Coletivo), Rai de Almeida (PT) e Laércio Trevisan Jr. (PL). Chamou a atenção o posicionamento de Alessandra Bellucci (AVA), eleita sob a bandeira de proteção aos animais. 

Raramente a parlamentar se manifesta ao microfone, mas, desta vez, marcou um discurso, ao estilo de sempre de cara fechada, e o ponto alto foi o de imputar existência de doença a protetores de animais contra rodeios. “A gente tem que avaliar [a festa] para criticar. Tem modalidades que eu odeio. Mas esses animais, se não estivessem ali, estariam mortos. Tem que avaliar muito antes de criticar. Tem muita gente que é protetor de animal, mas é doente”, pontuou. 

Bellucci alegou também, sem dizer quais, que “não aprova algumas modalidades que trazem dor aos animais, e muitas já foram banidas”. A parlamentar afirmou ter ido ao brete da festa para algo como uma fiscalização e afirmou que no local “tem animais de origem de maus tratos” e as companhias do rodeio proporcionam “vida de rei”. 

CONTRA

Já entre as contrárias, a vereadora Silvia consultou protetoras de animais e colocou que provas de montarias e laço “são atividades que expõem os animais a estímulos que provocam medo, dor e exaustão, configurando um sofrimento desnecessário”. 

Rai também endossou Silvia. "Na montaria, para o animal pular, ele precisa ser instigado. A sua virilha é apertada e, conforme o incômodo, ele passa a fazer todo aquele exercício. Inclusive, aqueles que fazem a montagem também sofrem violência. Outro dia mesmo, o cavaleiro caiu e o cavalo pulava e foi arrastando o rapaz. Sei que o animal é bem cuidado, até mesmo para proporcionar o espetáculo”, pontuou a vereadora. 

A reportagem procurou a festa para registrar alguma manifestação, mas não recebeu qualquer retorno. Wagnão, autor do projeto de lei, diz ser do setor e defende que a festa traz emprego e turismo.

SUBJETIVA? 

A discussão sobre provas com animais suscita dúvida sobre a dor ser subjetiva. Em reportagem de Daniel Lisboa para o site UOL, a professora titular aposentada de veterinária e zootecnia da USP (Universidade de São Paulo), Irvenia Prada, defende que a questão não é assim tão simples quanto ao uso de equipamentos pelos rodeios. 

“O sedém nunca passa pelo testículo, mas sim em cima do prepúcio do pênis, o que é igualmente desconfortável. A virilha é uma região supersensível tanto nos seres humanos quanto nos animais. Se você passar uma pena lá, ele (o animal) vai pular de qualquer jeito.” 

Irvenia acredita ainda que é simplesmente impossível saber se o ‘animal-atleta’ está sentindo dor ou não. “Isso é muito subjetivo. Mas sabemos que o sedém fica fortemente retesado no animal e o seu reflexo automático indica que se trata de algo desagradável. Tanto que, quando você tira a cinta, ele para de pular”, diz a professora. 

A União Internacional Protetora dos Animais (Uipa) elenca outros equipamento e provas com dor potencial e sentimento de desespero aos animais no artigo ‘Cruéis Rodeios - A Exploração Econômica da Dor’, texto que aborda também o Team Penning realizado na festa, agora oficial, de Piracicaba.

Em tempo: a era de circo com animais já passou faz tempo. Os rodeios movimentam milhões em shows e campeonatos com uso de animais. Os rodeios são o novo circo e estão atrasados na reciclagem da festa. O aspecto de brutalidade poderia ir para desfiles de cavalos a demonstração de adestramento e nada iria perder para um entretenimento com viés comercial nos shows musicais. Fora a infração persistente, ano a ano, com o nível de poluição sonora em plena madrugada de fim de semana. E uma última pergunta para a vereadora Alessandra: não seria melhor os animais vindo de maus tratos serem abatidos frente a sofrer outra situação igual, só que de bucho cheio para o espetáculo? Ou melhor ainda: dar um vida realmente digna a eles? Falta muita responsabilidade do Poder Público na questão animal e políticas públicas para dar fim aos rodeios como aconteceu com animais em circo.

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