Confira os questionamentos de populares e respostas da Secretaria de Educação na audiência dos 500


Esta matéria é parte integrante do 'Especial 500 cuidadores', tema de audiência pública realizada na Câmara de Vereadores nesta terça, dia 23, sobre terceirização na Secretaria Municipal de Educação.

O público presente na audiência, de pais a representante de deputada, também não poupou críticas ao edital para cuidadores.

Daiane de Souza Santos, mãe atípica de dois filhos: mãe solo de cinco filhos reclama do fim do Encontro de Pais no Numape, com periodicidade trimestral. “Aprendi lá, em 2024, a me reencontrar como mulher, a me ver como mãe atípica e reencontrar minha força. E depois que a senhora [secretária Juliana] assumiu, não temos mais isso. Em muitos lugares eu encontrei acolhimento e gostaria de encontrar no seu secretariado.”
 
Washington Sampaio, educador e pai atípico: “É um retrocesso, vejo isso como um aborto dentro da educação especial porque o tempo para essas crianças é fundamental. O tempo que elas perdem no desenvolvimento não se recupera nunca mais. Eu tenho certeza absoluta que a secretária Juliana não tem um filho atípico porque, se ela tivesse, saberia porque estamos aqui hoje.” Ele relatou que só conseguiu professor para filho com ordem judicial via MP.
 
Silas Ribeiro Ferreira, representante de pais e pai de criança deficiente: diz que ficou duas horas em conversas com a SME e afirma que foi convencido pela secretária Juliana, “porém, os 15 minutos da senhora aqui, me desconvenceu todinho”. “A senhora disse para mim que o edital já foi, já aprovou. Agora, aceitar o edital do jeito que está não dá”, afirmando que irá buscar a Justiça.
 
Fernanda Ferreira, professora de educação infantil e pós-doutoranda: afirma que o cuidar proposto no edital não é o preconizado na legislação. “A falta de formação pode acarretar em prejuízo aos alunos. As práticas inadequadas podem levar ao mau cuidado físico com técnicas erradas de transferência, estresse emocional e até reprodução de preconceitos e abusos, configurando violação de direito constitucional.” Ela destacou a possibilidade de rotatividade elevada dos cuidadores frente a um público que demanda referências estáveis.
 
Paulo Roberto Botão, assessor da deputada estadual Professora Bebel (PT): apelou à secretária, diante do colocado na audiência, para a suspensão do edital a fim de construir outra proposta com pais e conselhos no intuito de garantir o direito à educação a partir do serviço público. “E não com um serviço que parece mais com uma precarização. Tudo o que se refere à educação é indispensável.”
 
Samantha Maniero, diretora do Sindicato dos Municipais: lembrou que profissionais concursados podem apontar discordâncias, diferente de terceirizados, que terão medo de falar diante de uma situação de potencial desligamento da empresa. “Somos contra a terceirização e defendemos a valorização do serviço público”, argumentou, apontando a necessidade de oferecer profissionais por meio de concurso público. Ela também falou da rotatividade dos terceirizados. “O servidor concursado permanece mais tempo no cargo. Se é terceirizado, a rotatividade é grande até porque o salário é baixo. Essas crianças precisam do vínculo com esse auxiliar, e como esse vínculo vai se dar diante da rotatividade”, questionou.
 
Vanessa Pupo, do Movimento Luto pela Educação: sugeriu a criação do cargo de professor de educação especial de 40 horas. Segundo ela, o movimento realizou pesquisa com professorado. Para meio período, o ganho mensal mais hora extra chega, em média, a R$ 3.000 – no caso daqueles que dobram, totaliza R$ 6.000. A sugestão é que, com o novo cargo e considerando o piso nacional da educação básica, de R$ 4.867, a prefeitura economizaria mais de R$ 1.200 por criança com o plus de fortalecer o vínculo do aluno com um único professor.
 
Outras questões: qualidade da formação dos cuidadores; mais contratação de professores; lidar com traqueostomia na escola enquanto deveria ser objeto de ambiente hospitalar; aguardar as contratações dos substitutos; e custeio do contrato.
 
Respostas da SME
- Está contratando 500 professores substitutos;
- Continua atendendo pais no Numape, mas confirma poder retomar o grupo de pais, negando que a atual gestão acabou com a atividade;
- Sobre qualidade de formação cita o edital em: “Os Supervisores deverão apresentar habilidades técnicas na área, conhecimentos de rotina escolar, conhecimentos teóricos e práticos relativos ao atendimento aos alunos com deficiência”, sob olhar da escola a gestor do contrato, negando sucateamento;
- Juliana garante fornecimento de professor e cuidador conforme o caso do aluno e se compromete em fazer uma normativa a ser apresentada à Comissão Parlamentar de Educação.
- Assume que o binômio cuidar-educar tem total relação com o pedagógico, incluindo uma ação de um simples banho;
- Destaca que o cuidador existe em várias cidades e esta mão de obra será mais um recurso na rede;
- Promete aumento nas visitas do Numape às escolas a partir de ampliação de profissionais com meta futura de disponibilizar um para cada unidade;
- Juliana diz ter previsão do cuidador de ministrar medicamentos diante da falta de profissionais; refuta a contratação de servidores pensando em manter aposentadoria por 30 anos versus a condição financeira da prefeitura e não tem cargo de professor auxiliar criado; sobre pedido da deputada Bebel, levará ao conhecimento do prefeito Hélio Zanatta (PSD).
- Professor de educação especial virá junto com o Plano de Carreira;
- Edital não fala de manejo de traqueostomia, mas em assepsia “ninguém vai realizar trabalhos referentes à saúde”;
- Juliana diz que a rede tem 306 crianças com episódios de crises e, nestes casos, as famílias são chamadas para buscá-los e prevê formação de dois profissionais por escola com o Samu no sentido de prevenção e protocolo destes atendimentos; verba para do pregão é recurso próprio da prefeitura; e confirma que não consegue fazer HTPC com professores em dobras.

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