Esta matéria é parte integrante do 'Especial Tarifaço Semae 2025' e a audiência pública realizada na Câmara de Vereadores nesta quarta, dia 20, sobre aumento de quase 20% na conta d'água.
Mais uma vez sob alegação de necessidade arrecadatória, o prefeito Hélio Zanatta (PSD) projeta tirar do bolso dos piracicabanos um total de R$ 327,94 milhões em 24 meses a fim de custear nove grupos de grandes obras para saneamento básico. O montante é fruto do aumento da tarifa da água em 18,48%, autorizado pela agência reguladora Ares-PCJ e válido a partir de setembro. A cada 12 meses devem entrar nos cofres municipais R$ 163,97 milhões e, coincidência ou não, o ex-prefeito Luciano Almeida (PP) encerrou sua gestão deixando R$ 163,44 milhões em sobra de caixa ao fim de 2024 exatamente na área de saneamento – quase o total necessário para a primeira etapa do investimento previsto por Hélio. Também vale destacar o levantamento recente feito pela reportagem com a área ser a terceira no ranque de maior recursos e fechar o primeiro semestre com mais de 70% ‘parados na conta’. Além dos cálculos incompreensíveis para majorar o preço da água e do esgoto, o ‘patinho feio’ ficou com a concessionária Mirante, numa urgência para revisão de contrato do tratamento de esgoto e responsável por uma mordida de 50% no orçamento do Semae.
O tema do reajuste acendeu um alerta entre a população e chamou a atenção da vereança, o que resultou em audiência pública realizada nesta quarta, dia 20. A reunião expôs um sistema ‘queijo suíço’ com tecnologia atrasada para tratamento de água, o contrato ‘leonino’ com a Mirante e o pouco caso com o meio ambiente. Neste especial, a reportagem conta todos os detalhes.
CANTEIRO DE OBRAS
O combate à perda de água tratada na rede de distribuição corresponde a 71,3% do valor do plano de investimentos em saneamento básico aos R$ 327,94 milhões. Este plano foi a justificativa da prefeitura para o aumento da tarifa de água – o valor da conta do Semae pode retroagir caso a prefeitura não cumpra com os prazos.
A maior fatia vai para a implantação e substituição de redes, aos R$ 233,82 milhões. Também estão previstos investimentos em tratamento dos resíduos de ETAs (Estações de Tratamento de Água); novos reservatórios; melhorias nas ETAs; captação; frota; sistemas de proteção contra incêndio; estudos e projetos; e macromedidores e válvulas redutoras de pressão – veja valores na primeira tabela abaixo – o item ‘estudos e projetos’ se refere a contratação para gerir todas as obras por deficiência de pessoal do Semae, apontou o analista de regulação e fiscalização da Ares-PCJ, Paulo Marcos Faria Maciel, o que custará R$ 2,01 milhões.
Para além desses nomes complicados e termos técnicos, o que teremos na prática são oito principais obras: duas delas para 2026 e as demais só para 2027 – veja detalhes na segunda tabela abaixo. Objetivamente as trocas de redes do Centro, Paulista, Paulicéia e Jaraguá só serão finalizadas em 2027, e aqui mora uma grande dúvida frente às projeções de redução de perda de água tratada, conforme dados publicados no Parecer Consolidado da Ares 33/2025.
Piracicaba perde atualmente 53% nos canos ‘queijo suíço’ e, como dito anteriormente, as obras de combate ao desperdício vão demorar para serem finalizadas. O que não bate é a expectativa de, ao final deste ano, o citado índice vergonhoso convergir para baixo para ser igual ou menor que 35% – a média no Brasil é de 38%, segundo o presidente do Semae, Ronald Pereira da Silva. E, pensando nas obras concluídas em 2027, a expectativa, a partir de 2026, é que o índice de perdas fique menor ou igual a 30% – pequenas obras feitas ao longo deste ano resultarão em impactos maiores no curto prazo?
O presidente do Semae garantiu, durante a audiência, já ter reduzido o índice de perdas “para muito abaixo dos 50%”, o que será demostrado em futuro levantamento técnico e prometeu licitar Plano Municipal de Perda de Água, considerado por ele o “coração do problema”. Estas iniciativas devem ocorrer a partir de setembro, quando haverá audiência sobre o Plano Municipal de Saneamento Básico.
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