'Fala Pira' e Polezi são do Partido Liberal (PL); o ex-vereador é suplente de Cássio
(Fotos/crédito: Guilherme Leite)
Sete mulheres estão acusando o vereador Cássio ‘Fala Pira’ (PL) por tipos de assédio sexual – o jornal teve acesso a apenas um boletim de ocorrência, de 29 de setembro, categorizado como crime de importunação sexual. O parlamentar foi preso ontem, dia 9, por determinação da juíza Gisela Ruffo, e deve ficar à disposição da Justiça por até 30 dias, informaram advogados, que enxergam como um desdobramento um linchamento virtual. A hipótese é de que o ex-vereador Fabricio Polezi, do mesmo partido de Cássio, supostamente alimentou denúncias para conseguir uma cadeira na Câmara de Vereadores – ele é suplente de ‘Fala Pira’, confirmou o presidente do partido, Alex Madureira; em nota, o PL fala em expulsão de Cássio. A reportagem procurou Polezi, que não se manifestou até o fechamento desta edição – vale lembrar que o ex-vereador é alvo de investigação por agressão à mulher em processo ainda não finalizado. As investigações sobre Cássio bem como Polezi correm em segredo de Justiça.
Em entrevista coletiva durante esta quinta, um dos advogados do vereador, Jonas Tadeu Parisotto, criticou o ‘tribunal da internet’ e informou que “a verdade será apurada”. “Temos conhecimento de grupos com interesse político nessa questão. Isso tudo, ao longo do transcorrer do inquérito, nós vamos apresentar para a Justiça, e já temos um arcabouço de provas a favor do nosso cliente.”
Parisotto também informou que o parlamentar está disposto a colaborar com as investigações. “Ele não tem o que temer e já nos passou uma série de documentos e de provas que vão, efetivamente, a favor dele.”
Sobre a prisão, o advogado explicou a diferença entre preventiva e temporária. A primeira coloca a pessoa representada à disposição da Justiça, presa, até o final do processo – o que não é o caso de Fala Pira. A temporária é uma detenção para ficar à disposição da Justiça por, no máximo, 30 dias.
José Osmir Bertazzoni, também advogado de Cássio, destacou a existência de gravações em vídeo na Câmara de Vereadores. “São elementos que nós já estamos analisando, muitos derrubam várias acusações e quem acusa cabe o ônus da prova, com fundamentação, matéria fática e provas. Não existem nenhuma dessas provas nos autos.”
Outro destaque foi o fator de Cássio ter um cargo público. “Tem o fator político, não podemos nos esquecer disso. E há vereador que é suplente, e não vamos ser levianos aqui a ponto de dizer que este ou aquele está por trás, mas há um movimento que nos mostra até uma certa tendência a isso. Tudo vai ser apurado e estamos tomando as providências para registrar os boletins de ocorrências necessários. Vocês conhecem o termo stalker, que está previsto no artigo 147-A do Código Penal, e vamos apurar crimes contra a honra”
NOTA À IMPRENSA | Vereador Cássio Luiz Barbosa
“A defesa técnica e constituída pelo Vereador Cássio Luiz Barbosa, vem, por meio desta nota, esclarecer, publicamente, os fatos relacionados às acusações dirigidas a ele, às quais não correspondem à verdade. Os relatos apresentados por supostas “vítimas”, carecem de verossimilhança e não encontram respaldo nas frágeis acusações produzidas em redes sociais que se consubstanciam, em cancelamento e linchamento virtuais, violando a honra e a imagem do vereador, do cidadão e do pai Cássio Luiz Barbosa. Releva notar, que a autoridade policial que preside o inquérito na Delegacia de Defesa da Mulher e que redundou na precoce representação de prisão temporária junto ao Poder Judiciário, sequer teve o cuidado e a prudência de convocar o Vereador Cássio, para dar-lhe a oportunidade de esclarecer os supostos fatos e acusações vindo, em maioria, de usuários da internet, que se colocam como juízes e, ao mesmo tempo, se enxergam como carrascos, promovendo o linchamento virtual, tendo em vista que o espaço virtual lhes dá esse poder, sem que nenhuma penalidade lhes sejam impostas. Ressalta-se que o Vereador Cássio Luiz Barbosa, assim como qualquer cidadão brasileiro, possui o direito constitucional à presunção de inocência, à ampla defesa e ao contraditório e do devido processo legal, diante do princípio da dignidade da pessoa humana. A prisão, ainda que temporária, no entendimento da Defesa, é medida excepcional, diante do princípio da dignidade da pessoa humana, de qualquer forma, reitera, nesta oportunidade, a sua confiança na Justiça e reafirma que, ao final do processo, sua inocência será comprovada.”
Assinam a nota enviada no fim da tarde de ontem, dia 9, os advogados Jonas Tadeu Parisotto e José Osmir Bertazzoni.
Também nesta quinta, a Câmara publicou em suas redes nota oficial dizendo que acompanha o caso e presta todo suporte às investigações. “A presidência da Câmara Municipal está acompanhando de perto o desenrolar do caso, em contato permanente com a Procuradoria Legislativa da Casa, a fim de garantir que todas as medidas administrativas e regimentais cabíveis sejam tomadas e em estrita conformidade com a legislação vigente”, diz o fim da nota – leia o texto na íntegra aqui.
Opinião
Aqui quem escreve é a editora-chefe e fundadora deste jornal eletrônico, Cristiane Bonin. Como mulher, tenho o desejo profundo de que nenhuma pessoa passe por nenhum tipo de abuso. Mas, não nos cabe como sociedade julgar nenhum dos lados, sendo o mais prudente aguardar decisão da Justiça – principalmente quando envolve alguém com poder em certa medida. Como já relatei em outro episódio, fui estuprada aos 17 anos e era virgem, então tenho lugar de fala. A linha editorial do jornal optou por não publicar os nomes das mulheres denunciantes e nem detalhes de seus relatos para poupá-las da possível dor de reviver momentos tenebrosos e serem apontadas na rua – os quais já vivi. Sabemos do contexto de uma sociedade machista e patriarcal, com grande opressão a meninas e mulheres. Por fim, o desejo por aqui é que a Justiça seja célere e cumpra sua função.
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