A maior ‘dança do orçamento’ da gestão de Hélio Zanatta (PSD), aos R$ 64,05 milhões, já está nas mãos do Legislativo para autorização da vereança a fim de cobrir as folhas de pagamento das secretarias e órgãos municipais. A questão central não é falta de recursos na peça orçamentária montada em 2024, mas realocação de dinheiro para pagar a despesa – em audiência na Câmara de Vereadores, em 28 de maio, a secretária de Finanças calculou para baixo, em R$ 54 milhões tal realocação e colocou a culpa no ex-prefeito Luciano Almeida (PP) por ter feito projeções erradas, mas as coisas não são bem assim. No bolo geral, as secretarias com mais cortes e sem nenhuma nova entrada de recursos serão as de Habitação (Semuhget, de Álvaro Saviani), com menos R$ 6,37 milhões (mi), e de Meio Ambiente (Simap, de Maurício Perissinotto), com redução de R$ 6,09 mi. A Pasta mais beneficiada, só com entrada e aos R$ 12,18 mi, será a de Obras (Semozel, de Luciano Celêncio). O projeto estava na ordem do dia do Legislativo ontem, segunda, mas o líder de governo na Câmara, Josef Borges (PP), pediu e foi atendido quanto à retirada por uma sessão a fim de correções do Executivo – o início da votação pode voltar para a vereança na quinta, dia 12, em primeira discussão (são necessárias duas), isso se não houver uma suspensão do expediente por conta do feriado municipal no dia 13, sexta.
Os valores de 108 códigos foram tabulados pela reportagem a partir do informado no projeto de lei do Executivo, o 136/25, cruzando com a LOA (Lei Orçamentária Anula) 2025. O grosso dessa dança de anulação parcial de dotações orçamentárias e abertura de créditos adicionais suplementares está centrada em verba destinada a gastos e benefícios com pessoal – ou seja, é um entra e sai que já estava dentro do dito recursos humanos. A prefeitura foi questionada, mas não manifestou qualquer posicionamento.
Explicando os números de Obras
A Pasta de Obras e Zeladoria cresceu 106,75% em número de servidores no mandato atual, de 71 para 150, no comparativo entre dezembro de 2024 e maio de 2025, conforme o Portal da Transparência do Município de Piracicaba. A folha, que ao final da gestão Luciano, custava R$ 468,46 mil passou, segundo o dado mais recente, a fechar em R$ 1,21 milhão – logo, para liquidar o ano, restando mais sete meses, a soma total de Obras ficará com um extra a ser coberto em R$ 9,27 milhões. Ou seja, a contratação foi feita por Hélio, e não é possível culpar o ex-prefeito aqui, como fez a secretária de Finanças, apontando cálculo errado na gestão passada.
Outras ‘mordidas’
Mas também tem ‘mordidas’ em outras frentes para além do vaivém dos recursos humanos, como R$ 1,57 mi vindo de material pedagógico da educação básica e R$ 1,04 mi da administração financeira e tributária – veja completa tabela abaixo. Há mordidas menores, mas importantes de ser registradas: os R$ 81 mil da alimentação e nutrição escolar; R$ 840 mil da construção de escola de ensino fundamental; e R$ 355 mil da conta do desenvolvimento e apoio à microiniciativas, auto emprego e empreendedorismo.
Justificativa do prefeito
O acerto para cobrir a folha de pagamento tem motivo nas reformas administrativas realizadas logo no início do mandato, em janeiro deste ano, pelo prefeito Zanatta. Foram duas, uma para a administração direta do Executivo e outra para o Semae, ambas com foco em mudar a estrutura de chefia e, portanto, dedicou-se aos comissionados – e não aos servidores de carreira.
“O presente projeto de lei tem por objetivo a abertura de créditos adicionais suplementares no orçamento da Prefeitura Municipal de Piracicaba para atender às inúmeras modificações decorrentes da reorganização dos organogramas e estruturas da folha de pagamento, ocasionadas pelas Leis Complementares nº 462/2025 e 463/2025”, informa o prefeito no texto da justificativa do projeto de lei 136, se referindo às suas reformas.
Ainda conforme Hélio e sua exposição no projeto, “O grande volume de remanejamento se deve ao fato de que, desde o começo do ano houve mudanças no quadro de funcionários, setores, chefias e gerências, as quais acarretaram falta ou sobra de recursos nas diversas unidades gestoras, sendo que com a presente propositura estaremos sanando os acertos orçamentários diagnosticados no 1º quadrimestre de 2025”.
Salários de comissionados & alto escalão sobem acima da casa dos 40%
Muito foi questionado quanto ao impacto das reformas administrativas com salários mais altos para comissionados. Utilizando os dados do Portal da Transparência, no comparativo entre os meses de maio de 2024 e 2025, houve uma redução de 35 funcionários indicados, fechando o mês passado com um total de 183. Mas o salário médio deste tipo de funcionário teve alta de 42,31% no período comparativo, passando de R$ 5.128,16 para R$ 7.298,26. Entre Luciano e Hélio, esta folha aumentou, em maio último, R$ 217,64 mil – em sete meses, para concluir 2025, o impacto somado será de R$ 1,52 milhão para mais, mesmo com a redução de números de comissionados.
Também demos uma espiada em como ficou o impacto do alto escalão. O pagamento a secretários municipais e prefeito, entre maio de 2024 e 205, teve alta de 52,28% (+R$ 97,675 mensal) – a despesa mensal com esse grupo passou de R$ 186,82 mil para R$ 284,50 mil. Já o chão de fábrica, concursados e celetistas, tiveram um ganho de 6,48% no mesmo período comparativo, com salário médio mensal passando de R$ 6.876,71 para R$ 7.322,74 – metade deles (50,49%) ganham abaixo dos R$ 6.000 e 30% menos que R$ 5 mil; esta fatia representa a maior parte dos servidores públicos, com 7.609 trabalhadores em maio último.
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