Piracicaba teve 194 amostras com valores de cloro residual livre acima de 5,0 mg/litro, o que torna a água imprópria para consumo humano, mostra artigo científico publicado em 2024 na Rega (Revista de Gestão de Água da América Latina). O balanço compreende o período de janeiro a junho de 2025 e os dados são do Vigiagua (Programa Nacional de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano) – veja tabela abaixo. Diferente da reportagem do início de julho – que apontou produtos com potenciais elementos cancerígenos na água distribuída por sistema próprio em um supermercado e condomínio residencial – desta vez o problema incide diretamente sobre o Semae (Serviço Municipal de Água e Esgoto de Piracicaba). E pela primeira vez a atual gestão de Hélio Zanatta (PSD) prestou esclarecimentos ao jornal, afirmando que a autarquia de saneamento corrigiu de imediato o residual de desinfetante – é sabido que os trihalometanos e os haloacéticos são subprodutos deste processo de desinfecção, com potencial cancerígeno. Entretanto, conforme o Vigiagua – política pública do Ministério da Saúde com objetivo de promover a saúde e prevenir doenças e agravos de transmissão hídrica – sete amostras apontam para o índice de cloro superior acima de 5,0 mg/L no sistema de distribuição, inviabilizando potencialmente a alegada correção.
A reportagem extraiu os dados do Painel de Controle Mensal - Parâmetros Básicos Informações Detalhadas do sistema do Ministério da Saúde em 21 de julho. Três amostras estão relacionadas à distribuição da ETA 1 (Estação de Tratamento de Água) Luiz de Queiroz, instalada na região central, com captação do Rio Piracicaba. Já a ETA 3, do Capim Fino, que extrai recursos do Rio Corumbataí – e tem estrutura maior frente a Luiz de Queiroz – o dado é de quatro amostras com cloro acima do permitido pelo Ministério da Saúde.
O grande volume de amostras foi identificado pelo Vigiagua na saída do tratamento, momento em que a água é considerada potável e pronta para a distribuição à população – aqui há chances do Semae ter corrigido a extrapolação de cloro. Foram encontradas 187 amostras irregulares, sendo 50 da Capim Fino e 137 da Luiz de Queiroz – indicando haver dificuldade da atual estrutura de saneamento a sérios problemas de poluição do Piracicaba.
Em nota ao jornal, a assessoria de imprensa da prefeitura alega não haver riscos quanto à água distribuída no município. “O Semae informa que a autarquia mantém controle da qualidade da água tratada 24 horas por dia, com a realização de diversas testagens e, ao indício de mínima alteração, a correção é feita imediatamente, garantindo a qualidade da água tratada oferecida à população. Desta maneira, o Semae garante a qualidade da água oferecida aos piracicabanos sempre seguindo todos os parâmetros exigidos pelo Ministério da Saúde, por meio do Programa Nacional de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Vigiagua/Sisagua).”
Localmente, a prefeitura relata haver ações também da Pasta de Saúde. “A Vigilância Sanitária (Visa), vinculada à Secretaria Municipal de Saúde, informa que coleta 20 amostras quinzenais em residências e/ou estabelecimentos aleatórios em todos os bairros da cidade, que são enviadas ao Instituto Adolfo Lutz para análise. Sempre que identificada alguma não conformidade nos resultados, o que pode não ser fruto da água ofertada pelo município, mas de fatores externos, é solicitada nova coleta para garantir a potabilidade da água utilizada e consumida pela população.”
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