Movimento Salve a Boyes chama abertura de conversas com empresários e Poder Público; cinco projetos alternativos chegaram à Comissão Técnica do coletivo para banco de ideias



Movimento Salve a Boyes completa dois anos na atividade em defesa do patrimônio e da orla do Rio Piracicaba; na foto, vista aérea do conjunto fabril
(Foto/crédito: divulgação)

Cinco projetos independentes para uso da antiga fábrica têxtil Boyes, no Centro, foram apresentados ao Movimento Salve a Boyes a fim de formar um banco de propostas alternativas às torres gigantes defronte ao Véu da Noiva do Rio Piracicaba. Com dois anos completos do grupo suprapartidário, uma coletiva de imprensa realizada ontem, dia 25, divulgou que o movimento está maduro para abrir diálogo com os proprietários da área e o Poder Público com o objetivo de encontrar uma solução para preservação, da história ao meio ambiente, em espaços de uso comum, como Escola Parque e teatro – e sem prejuízo comercial. A preocupação do movimento é a de não imputar qualquer autoritarismo sobre a decisão de finalidade para um novo projeto em específico, mas permanece a posição contrária quanto à verticalização – com prédios de 30 andares e apartamentos ao custo de R$ 1 milhão a unidade – proposta pelo Boulevard Boyes.

Débora Scanagatta, em seu trabalho apresentado ao IAU/USP (Instituto de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo) propõem espaço de ateliês, teatro, espaço de estudos, Escola Parque e Centro do Folclore de Piracicaba. Mariana Perecin, em seu estudo para a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie também segue a mesma linha, na inspiração acadêmica, com um Centro de Educação e Pesquisa para a fábrica.

Também para a Mackenzie, Fernanda Alvim Gava projetou lojas e galeria, hub criativo, memorial da fábrica, mercado gastronômico e auditório na linha ‘Memória industrial, futuro criativo’. Dos projetos acessados pela reportagem, fica nítido prédios baixos e o privilégio ao pedestre – chegando a poder ser avistada a Ponte Pênsil até mesmo atrás da antiga fábrica.

Projeto imobiliário com altas torres à beira-rio



Nas duas imagens acima, projeto de Débora Scanagatta traz fluidez na Boyes e privilegia cultural local

Projeto de Mariana Precin também mostra fluidez com prédios baixos

Fernanda Gava apresenta ideia ao estilo Mercadão Municipal com leiaute contemporâneo

REFERÊNCIAS

O historiador, produtor cultural co-vereador no Mandato Coletivo 'A Cidade é Sua', Pablo Carajol, explicou, durante a coletiva de imprensa, que o movimento passa pelo aprofundamento de estudos acadêmicos e com especialista, esforço desembocado na Comissão Técnica criada há três meses logo após a audiência pública do Condephaat em Piracicaba, em 20 de maio. Tal comissão também fez visitas a pontos históricos como Museu Fama e ao Ateliê Kobra, ambos em Itu, a fim de buscar referências para a Boyes. Sobre o Poder Público, a proposta para a administração municipal é a apropriação de alguns dos galpões para atividades com foco na recuperação histórica, cultural e ambiental. Carajol também destacou o abandono do Plano Diretor para orla beira-rio.

A observação sobre investimento no parque linear do Rio Piracicaba foi o destaque do artista visual Paulo José Keffer Franco Netto, o Pazé, também membro do movimento e um arquivo vivo sobre tudo o que se passou dos anos de 1.800 até os tempos atuais com a orla do Piracicaba e a construção da paisagem ao longo deste tempo. “Lutamos por um bom projeto. Todos somos voluntário e não queremos indicar um projeto porque não somos proprietários do terreno. Há muitos projetos bons, como área educacional, cultural, hotel. Podem acontecer muitas coisas nessa área de grande valor histórico e turístico. Um bom projeto não deve descaracterizar esta área da cidade”, pontuou Pazé.

Bartira Mendes, arquiteta e urbanista, mira um projeto para suprir carências e demandas no complexo do Engenho Central a Boyes, via Ponte Pênsil. Em sua análise, a questão ambiental deve nortear todo planejamento urbano. Na mesma linha, a arquiteta Camila Leibholz destacou que a área beira-rio deve ter sua função preservada quanto ao “respiro da cidade”, local onde não se pode permitir a verticalização – do contrário, o rio se transformaria em problema, na definição de “cicatriz” porque não é possível expansão urbana com demandas de tráfego ao esgoto.

A reportagem aguarda posicionamento da gestão de Hélio Zanatta (PSD) e dos empresários-proprietários da fábrica Boyes.

JUSTIÇA

A advogada do Movimento Salve a Boyes, Silvia Machuca, tratou de uma linha do tempo dos embates na Justiça, a partir da negativa vencida quanto a participação de populares e de jornalistas em reuniões do Codepac. Também foram ingressadas na Justiça paulista ações popular e civil pública, o que paralisou o processo de liberação do projeto imobiliário Boulevard – enquanto no Condephaat não for analisado o pedido de tombamento do trecho no qual está inserido a fábrica, uma das primeiras do Brasil. “Agora o Tribunal reconheceu [a necessidade de andamento do tombamento] e estamos aguardando o julgamento do colegiado para a liminar”, explicou Machuca.


Coletiva de imprensa nesta segunda, dia 25, com Pazé, Bartira, Camila e Pablo

(Foto: O Diário Piracicabano)

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