Vereador hostiliza coordenadora de ONG após questionamento sobre o corte de ração aos gatos do Cemitério da Saudade; artigo aborda crime de violação de sepulturas em privatização de cemitérios


Elcian Granado temeu ser presa por comentar a redução no fornecimento de ração via prefeitura; governo municipal é o responsável legal dos gatos da Saudade
(Foto/crédito: Claudinho Coradini)

A opressão contra o trabalho da ONG Gatos do Cemitério da Saudade ganhou mais um capítulo horroroso. A coordenadora do grupo voluntariado que cuida da maior comunidade de felinos abandonados em Piracicaba, Elcian Granado, disse ter sido quase presa ao comentar na Câmara de Vereadores sobre o corte de ração feito pelo prefeito Hélio Zanatta (PSD). O ocorrido foi na sessão limpa-pauta do dia 27 de novembro, quando a vereança chancelou a intenção do prefeito para a privatização dos cemitérios municipais. 

“O prefeito quer privatizar o cemitério. Nós tivemos que ficar até 1h da manhã na Câmara dos Vereadores e quase sai presa de lá porque eu perguntei para a [vereadora] Alessandra Bellucci, que falou ter um relacionamento maravilhoso com o prefeito – porque a gente ele não recebe, não conversa e eu não entendo como a pessoa se acha tão melhor do que os outros ao ponto de não conversar com os contribuintes e cidadãos. [perguntei para a Alessandra] ele falou alguma coisa sobre a ração. Nossa, o vereador quase virou e me tirou de lá”, relata Elcian em vídeo gravado há três dias. Segundo ela, um integrante da Mesa Diretora disse: “se você der mais uma palavra, será retirada”. 

O relato continua: “lá fora, ainda falou com a Renata, que saiu chorando, e a gente nessa luta para arrecadar 20kg por dia para complementar os 15kg da prefeitura”. O nome do vereador em questão não foi divulgado e Renata é uma das voluntárias da equipe.

ARTIGO

Sobre a privatização, Camilo Irineu Quartarollo, escrevente e escritor, publicou artigo nesta semana sob o título ‘O povo não é burro’. 

“O prefeito daqui mandou para a Câmara um projeto de lei sobre os cemitérios. Pergunta-se entre os juristas se uma aprovação de vereadores dá direito de profanação de jazigos, sem a assinação da família?! A violação de sepultura, além do desrespeito é crime previsto pelo artigo 210 do Código Penal. O direito humano fúnebre pode ser votado por vereadores com o objetivo de restrição, lhes cabem isso?! O direito dos falecidos e de seus familiares incluem o sepultamento digno, a memória e a proteção da Lei, conforme a Constituição Federal e normas internacionais. Nosso prefeito eleito simplesmente passa o patrimônio público a uma sigla. Uma empresa de não se sabe donde e algum barbudo passa a gerir o que era de nós todos. Nos faz a nós de burros e aos restos mortais de nossos pais adubo, os jazigos viram ativos financeiros. Olhem o que pode acontecer com o piracicabano! A mesma desdita do aposentado Luiz Antônio Muniz de Souza e Castro, no cemitério da Consolação. Ele pensou que havia se perdido nas ruas estreitas do campo santo, mas estava diante do que fora o jazigo da família. Se as famílias deixarem de pagar uma taxa anual — que não existia antes e será cobrada — ou se não realizarem a conservação exigida, os jazigos vão para as empresas revender a valores altos.”

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